COMUNHÃO


Este é um breve resumo de um excelente livro de Dietrich Bonhoeffer, chamado vida em comunhão, espero que contribua para o esclarecimento do que é verdadeiramente comunhão, este maravilhoso relacionamento das pessoas por meio de Cristo.

Comunhão
Salmos
133 - 1   [Cântico de romagem. De Davi] Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!

133 - 2   É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.

133 - 3   É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre.

Não é óbvio que a pessoa cristã viva entre cristãos. Jesus Cristo viveu em meio a seus adversários. Por fim, todos os discípulos o abandonaram. Na cruz, ele esteve em  total solidão, cercado de malfeitores e zombadores. Foi para isso que ele veio: para trazer a paz aos inimigos de Deus. Assim também o lugar do cristão não é a reclusão da vida monacal, mas em meio aos inimigos. É ali que está a sua missão, sua tarefa. “O Reino tem de ser estabelecido em meio aos teus inimigos. Quem não quiser se sujeitar a isso não quer ter parte no Reino de Cristo, mas quer viver cercado de amigos, viver em um mar de rosas, na companhia de gente piedosa, jamais de gente má. Ó blasfemadores de Cristo! Se Cristo tivesse agido como vocês, quem teria se salvo?” (Lutero)
Comunhão cristã é comunhão por meio de Cristo, pertencemos uns aos outros apenas e tão somente por meio de Cristo.

o que significa:
1-    Um cristão precisa do outro por amor a Cristo.
2-    Um cristão  só consegue chegar ao outro por meio de Cristo.
3-    Fomos eleitos desde a eternidade, aceitos no tempo e unidos para a eternidade em Jesus Cristo.

Fraternidade cristã não é um ideal, mas uma realidade divina.

Fraternidade cristã é uma realidade espiritual e não psíquica.
Não é um ideal que nós devêssemos construir. Mas uma realidade criada por Deus, em Cristo, da qual podemos tomar parte.

A Diferença entre as realidades psíquica (anímico) e espiritual (pneumos):
                       
Comunhão


      
ESPIRITUAL =PNEUMOS
ANÍMICO = PSÍQUICO
Definição

As  coisas criadas só pelo Espírito Santo, que implanta Cristo como Senhor em nossos corações.
As coisas que procedem dos instintos, das forças e faculdades naturais da alma humana.

Fundamento
Palavra de Deus clara e revelada em Jesus Cristo.
Estímulos e os anseios obscuros e turvos da alma humana.
Essência
Luz  (I Jo 1;5 - I Jo 1;7)
As trevas (Mc 7;21). É a noite escura que paira sobre a atividade humana e de modo especial, também sobre os nobres e  piedosos impulsos.
De  quem
Das pessoas chamadas por Cristo.
Das almas piedosas.
Vida
O radiante amor do serviço fraternal, o Ágape
Arde o amor obscuro do impulso ímpio piedoso, o Eros.

Serviço fraternal ordenado.
O desejo desordenado por prazer.

Submissão humilde entre os irmãos.
Submissão humilde – orgulhosa dos irmãos aos próprios desejos.

Reina a Palavra de deus somente.
Ao lado da Palavra, reina também a pessoa dotada de poderes, experiências e capacidades sugestivo-mágicas especiais.

O que liga é somente a Palavra de deus.
Além da Palavra, também a pessoa se liga a si mesma.

Todo o poder , honra e domínio estão entregues ao espírito Santo.
São buscadas e cultivadas esferas de poder e influência pessoais, com certeza, à medida que se trata de pessoas piedosas, na intenção de servir ao maior e melhor, mas na verdade, para derrubar do trono o espírito santo e empurrá-lo a uma distância irreal. Aqui reina apenas o anímico.

Reina o Espírito.
Reina a técnica psicológica, o método;

Reina o amor serviçal, ingênuo, pré psicológico, pré metódico pelo irmão.
Reina a análise e a construção psicológica.

Serviço humilde e criativo ao irmão.
O tratamento investigador, calculista de pessoas estranhas.

Relacionamento intermediado por Cristo.
Relacionamento  imediato.  

CONVERSÃO ANIMICA.    
Manifesta-se com todos os sinais de uma conversão autêntica.
Pessoas ou comunidades inteiras são abaladas profundamente e  fascinadas pelo abuso consciente ou inconsciente do excesso de poder de uma pessoa. Neste caso, uma alma agiu diretamente sobre a outra alma. O forte venceu o fraco, a resistência do  mais fraco cedeu sob a pressão da personalidade do outro. O fraco foi violentado, mas não foi convencido da coisa. Isto fica claro no momento em que se exige dele um empenho pela causa, que precisa acontecer independente da pessoa a qual está ligado, ou até em oposição a ela. Aqui, a pessoa animicamente convertida fracassa, revelando que sua conversão não foi obra do Espírito Santo, mas de uma pessoa , e que por isso não subsiste.

AMOR ANÍMICO.
É capaz de sacrifícios mais incríveis, e , muitas vezes, supera em muito o  legítimo amor Cristão devido a sua dedicação ardorosa e seus êxitos evidentes, fala a linguagem cristã com eloqüência imponente e arrebatadora. I Co13: 1-3
Ama a outra pessoa por amor a si mesmo; por esta razão procura o contato imediato com o outro, não o ama em sua liberdade, mas como aquele que está preso a ele.
Quer ganhar a todo o custo, conquistar, assediar o outro, quer ser irresistível, quer dominar.
Não dá valor à verdade, relativiza-a, porque nada, nem mesmo a verdade, deve perturbar a relação com a pessoa amada.
Deseja o outro, sua comunhão, seu amor, mas não lhe serve. Ao contrário,antes o  deseja também quando parece estar servindo.
Não suporta que se dissolva a comunhão que se tornou mentirosa por amor à verdadeira comunhão; não consegue amar o inimigo, aquele que se opõem com seriedade e tenacidade.
É desejo por natureza, desejo por comunhão anímica. Enquanto puder  satisfazer, de alguma forma, este desejo, ele não desistirá, nem por amor à verdade, nem por amor ao verdadeiro amor ao outro. Porém quando não puder mais esperar pela realização do seu desejo, este será o seu fim. Ele se transformará em ódio, desprezo e calúnia.
Transforma-se em ódio pessoal ao encontrar-se com o amor espiritual.
Tem em si mesmo sua meta, sua obra, seu ídolo que ele adora, ao qual tudo deve estar  sujeito.
Cuida, cultiva e ama a si mesmo e nada mais no mundo. Jamais poderá compreender o amor espiritual.
Cria sua própria imagem a respeito do outro, do que ele é e do que deverá se tornar.
Vive do desejo obscuro incontrolado e incontrolável;
Produz escravidão humana, dependência, constrangimento, germina flores artificiais , de estufa.

AMOR ESPIRITUAL
Relaciona-se com o outro por meio de Cristo.
Somente Cristo me dirá por Sua palavra o que é amor.
Está ligado exclusivamente à palavra, onde Cristo ordenar manter a comunhão, eu a manterei, onde ordenar dissolver, eu a dissolverei.
Não deseja, mas serve, ama o inimigo como a um irmão.
Nasce não do irmão nem do inimigo, mas de Cristo e Sua palavra. Vem do alto, é novo , incompreensível.
Não deseja comunhão direta com o outro, têm –na por meio de Cristo.
Liberta o outro de todas as tentativas de dominá-lo, determiná-lo e coagi-lo  com meu amor.
Encontra-se com o irmão apenas como aquele que ele já é em Cristo. Reconhece a verdadeira imagem do outro a partir de Cristo.
Em tudo o que fala ou faz recomendará o outro a Cristo.
Não tenta provocar abalo psíquico do outro por meio da influência, por meio da interferência impura na vida do outro.
 Irá ao encontro do outro com a Palavra de Deus, disposto a deixá-lo sozinho por longo tempo com a Palavra. Livre para que  Cristo aja nele.
Respeita os limites do outro colocados entre nós por Cristo.
Fala mais com Cristo sobre o irmão do que com o irmão sobre de Cristo.
Produz frutos que se desenvolvem a céu aberto de Deus, sob chuva tempestade e sol, sadios, como agrada a Deus.

CONSIDERAÇÔES
Uma vida em comum sob a Palavra de Deus só permanecerá saudável quando se revelar não como movimento, ordem, associação, collegium pietatis, mas quando se compreender como parte da uma, santa e universal igreja cristã, onde ela participa, atuando e sofrendo, do sofrimento, da luta e da promessa de toda a igreja.
Uma vida em comunhão estritamente espiritual não é apenas perigosa, mas também um fenômeno totalmente anormal.
Estamos unidos na fé, não na experiência.

Somente através dele temos acesso uns aos outros, alegramo-nos e temos comunhão uns com os outros.

Comentários

  1. Obrigada por compartilhar. De certa forma surpreendida com alguns pontos esclarecedores da verdadeira comunhão.

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